Nem sempre os familiares das vítimas mortais estão preparados para lidar com a utilização de órgãos dos seus entes queridos no salvamento de outras pessoas. E este é um dos temas fracturantes que vão marcar a nova novela. O pai da vítima, interpretado por Rogério Samora, por rivalidades familiares, não vai aceitar bem que o coração da sua filha passe a habitar o corpo da filha de um inimigo. A situação é agravada quando o namorado da primeira (José Carlos Pereira) se apaixona pela segunda.
"A ideia do transplante de um órgão é muito complicada. Segundo a lei, somos todos potenciais doadores e isso é explicado na novela", conta a argumentista da Casa da Criação, descrevendo a trama como "muito agressiva emocionalmente".
A equipa de guionistas contou com a opinião médica do cirurgião Paulo Calvinho, Centro de Cirurgia Cardiotorácica, dos Hospitais da Universidade de Coimbra. "Em termos sociais, esta problemática é uma coisa que se coloca num pequeno grupo de pessoas. Não me parece que vá alterar a postura", do público em relação aos transplantes, sublinha o especialista, acrescentando que a lei portuguesa é bastante "liberal" só não sendo dador "quem não quer".
Em relação ao aconselhamento, o médico explicou que a sua colaboração se traduziu na indicação do tipo de etiologia que possa criar uma doença súbita que obrigue a um transplante de coração numa jovem de 33 anos; e também nos cuidados pós-operatórios, como o uso de máscara, o rigor da tomada de medicação e os sinais de alerta a que devem estar atentos os doentes transplantados.
"Nossa Âncora" deu conselhos
A parte da caracterização psicológica dos familiares também mereceu a atenção dos argumentistas. A associação A Nossa Âncora, que apoia pais enlutados, deu as coordenadas. "Tentámos perceber como é quando as pessoas não conseguem resolver a morte dos filhos", explica Patrícia Müller.
E com esta vertente da história, a autora pretende passar uma mensagem de esperança. "Os filhos continuam vivos dentro de nós, devemos honrá-los com a consciência de que não voltam, mas temos de aprender a viver com isso", relata, caracterizando a experiência de "muito bonita".
DN
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